MINEIRÍNDIOS

MINEIRÍNDIOS
MINEIRÍNDIOS


Opará, Opará...
Onde você vai parar?
Nossa história, tua riqueza
Norte dos Xacriabá.

Dos Tupi, Guarani
E do tronco macro-jê
Pardo, doce, grande e sul
Nossa vida é você.

O Puri, Xucuru
Aranã e Caxixó
Kariri, Pankararu
Araxás e Pataxó.

O Mokuriñ, Xacriabá
Krenak e Maxakali,
Os guerreiros que fizeram
Nossa história até aqui.

Nas cavernas há relatos
De vida dos ancestrais,
Hoje vejo ilustrações
De animais monumentais.

Vemos fauna e a flora
Arquiteturas naturais,
Na cultura e na história
De toda Minas Gerais.

Desde o rio das águas rasas
A enseada do rio grande,
Minas tem a sua história
Com os índios interessante.

Itacolomy, Peruaçú
Itambé, Caparaó
Grande sertão veredas
E a serra do cipó.

O rio preto, Itatiaia
Papagaio e caraça
Ibitipoca e rio doce
E a serra da canastra.


Itacarambi e Unaí
Itamarati e Araguari
Grupiara e Uberaba
Itaguara e Ituiutaba

Gurinhatá e Araxá
Itajubá e Ibiá
Bocaíuva e Itabira
Guaxupé e Ipatinga.

Guiricema e Inhapim
Iguatama e Manhumirim
Inimutaba e Tanhandu
Pirapora e Paracatu.

Manhuaçu e Paraguaçu
Ita pedra, Açu grande
Para rio, mesmo onde
A escrita em Tupi,
Saiba o que a
Palavra esconde.



Jequitinhonha

Jequitinhonha
Jequitinhonha


Vale do Jequitinhonha
De saudade está em dores,
Aonde foram os seus homens?
Aonde estão seus trabalhadores?

A falta de jovens e adultos
É um caso muito sério,
Só não falta cidadão
Onde hoje é o cemitério.

Tuas mulheres e crianças
Se tornaram artistas natos,
Na arte da olaria
E fazer artesanato.

Na casa de pau-a-pique
Com argila, com madeira,
Longe da água do rio
Com subida, com ladeira.

Longe também da escola
Quando quebra a condução,
Planto sempre pé de milho
De mandioca, de feijão.

Salve nossa mata atlântica
E o turismo nos Gerais,
Com nossos parques e cavernas



COZINHA MINEIRA



O cheirinho de milho verde
Da cozinha da vovó
Reunia a casa inteira
E ninguém ficava só.

Causos, contos e histórias
Sempre que ficava frio,
E a lenha aquecia
As brincadeiras do meu tio.

Sempre um franguinho caipira
Se metia a cantar,
E o pezinho de moleque
Brigadeiro dava lá.

Toda vez que em meio a história
Um cafezinho alguém nos dá,
Acompanhando um chá de erva,
Um mingauzinho de fubá.

De manhã um pãozinho de queijo
Ou pãozinho na manteiga,
Com mais um café com leite...
E ainda aguardo a sobremesa.

Dessa vez minha mãezinha
Preparou uma surpresa,
Beijuzinho de tapioca
Pessoal já tá na mesa.

Pro almoço um feijãozinho
Com tutu ou com tropeiro,
Com linguiça, com legumes
Com galinha ou torresmo.

Repolho, couve ou alface
Arroz, mandioca ou inhame frito,
Angu, quiabo e farinha
E também ovos batidos.

Sobremesa o melado
Com queijo ou requeijão,
Marmelada ou goiabada
Banana, laranja ou mamão.

No jantar sopa e legumes
Arroz com ovos estrelados,
Jiló, quiabo, batata, mandioca
Feijão simples ou com farinha virado.

Minas tem o seu sabor
Minas tem suas vitórias,
Tuas panelas e os fogões
Tem cheirinho de histórias.




MINEIRIDADE

MINEIRIDADE
MINEIRIDADE


Minas não faz parte do Brasil
Minas não faz parte do mundo,
Se no universo Minas você não viu
É porque minas está em tudo.

O leite mineiro:
Vai pra via láctea
O Cruzeiro e as estrelas:
São só dos mineiros
Os corpos Atléticos:
São só dos mineiros
O queijo é de minas
E o pão é mineiro
Até mesmo os Americanos
São dos mineiros...

Minas não faz arte
Minas é arte,
Minas não tem mar
Minas é mar.

Mesmo na Espanha
O mar de Minas não tem fim,
E até mesmo um cego
Vê a arte no Inhotim.

A riqueza de suas terras
Foi o bolso do país,
Com sua fauna e sua flora
Até nós somos feliz.

O sertão, o Pantanal
As carrancas e o gás,
Confecções, artesanatos
E o aço de Minas Gerais.

Minas não tem tempo
Minas não tem idade,
Minas pertence aos mineiros
E os mineiros a mineiridade.


Aula de matemática
Sobre o triângulo mineiro...
Passa Quatro e Três Marias
São Sete Lagoas mesmo?

E o Delta de Passa Vinte
Unaí então...
Com as terras de Virgolândia
E o café Três Corações.

Mineiro não pensa
Mineiro não toca,
Mineiro sô matuta
E faz as moda de viola.

Se mineiro é brasileiro
Sei que isso não tá certo,
Brasileiro é inteligente
Mas mineiro é esperto.

Tem mineiro até no Chile...
No passado e no futuro,
Minas tá no mundo inteiro
E os mineiros tão em tudo.

Minas tem cavernas
Minas tem histórias,
Até povos de outros planetas
Veio ver as nossas glórias.

A riqueza de suas terras
Foi o bolso do país,
Com sua fauna e sua flora
Até nós somos feliz.

O sertão, o Pantanal
As carrancas e o gás,
Confecções, artesanatos
E o aço de Minas Gerais.

Minas não tem tempo
Minas não tem idade,
Minas pertence aos mineiros
E os mineiros a mineiridade.

NORTE ESQUECIDO

NORTE ESQUECIDO - Acabou meu pequi E sobrava o pecar O sinal transgredir E de carro passar.

Norte de Minas Gerais
Terra que agente conduz,
De dia falta água
E de noite falta luz!

Seu estado é tão crítico
Que não tem remédio ou governo,
Só recebestes uma visitinha:
E é a do sol, o dia inteiro.

Seca-se a erva,
Põe-se o sol...
Mosquitos, insônia
E calor no lençol!

Se digo que sou do norte
Não me chamam de mineiro.
Baiano ou goiano
Também não receio...

Houve um ano
Que faltava sossego,
Tiravam cinco SUJeitOs
E 'ainda faltavam prefeitos'!

Logo abrisse um edital
E fizesse um concurso:
Porque prefeito pro norte?
É um artigo de luxo!!!

No mês falta médico!
Na semana enfermeiro!
No ano hospital!
E no dia pedreiro...

Nem podia levar
As grávidas potra cidade,
Posto e gasolina
Acabou de verdade...

As filas de veículos
Chegavam na escola!
Professores em greve
E protestos agora.

Nas ruas afora
Com os moleques descalço...
É pipa! ebola! puro descaso!
A balsa não passa,
E o serviço escasso.

Terminou o petróleo
Energia e o gás!
Presidente e dentista
Nem ponte faz mais!

Acabou meu pequi
E sobrava o pecar,
O sinal transgredir
E de carro passar.

Pois a noite choveu
E a luz ela levou,
Saí da igreja num breu
Mas em casa ela voltou.

Acendi uma vela
E o cristão foi orar:
Que a fartura dessa terra
Possa um dia voltar...

O estado parece andar
No seu rumo sem o norte,
Até nos livros de estória
Confirmamos essa sorte.

Na escola um dia duvidei
E ao professor fui perguntar:
O norte é uma terra boa?
Respondeu: Tudo o que se planta dá.

K. DEIVID BORGES - POEMAS, POESIAS E CANÇÕES



MISCIGENAÇÃO



Bem-vindo São Paulo
A sua Paraíba
Pra somente os racistas
Cito uma parte da Bíblia:

A terra o fruto
Logo vai te negar...
Mas como não negaria
Se sem água ficar?..

Há mais cidades em Minas
Que países no mundo,
Minas tá no mundo inteiro
E os mineiros tão em tudo.

Se carioca e paulista
Sentem inveja dos gaúchos,
Dos mineiros nem se fala
É um artigo de luxo.

Por isso sou mineiro
Bem localizado,
No sertão, na caatinga
Mata atlântica e cerrado.

Humilde e hospitaleiro
Povo miscigenado
Falta pão? Dividimos...
Todos no mesmo barco.


Com a Itália sua cozinha
Noutro patamar chegou,
E com os índios e os portugueses
Sua cultura renovou.

Os africanos nos tornaram
Povo humilde e acolhedor,
Com os chilenos e argentinos
Cada vez mais batalhador.

Com os paulistas nos negócios
Mato Grosso a plantação,
Cariocas na malícia
E os goianos no modão.

Com os baianos no sossego
Capixabas no astral,
Uruguaios na inconfidência
Saudades no Distrito Federal.

Minas é exemplo
E um orgulho pra nação,
Salve o povo mineiro
E sua miscigenação.

 



PAISAGENS MINEIRAS




Vejo a Maria Fumaça já
Cortando os seus montes,
E os pescadores lançam redes
Logo abaixo de suas pontes.

Lindas praças na cidade
Fontes d'água a brilhar,
E na panela de pedra
Um pequizinho pra animar.

Vejo as mais lindas igrejas
Pôr-do-sol e construções,
Tua lua prateada
Lindos vales e mansões.

Vejo as vilas mais antigas
E pessoas a nadar,
No teu grande e imenso rio
Um navio vai navegar.

As carrancas nos teus barcos
E as cavernas monumentais,
Minas de ouro, trem de ferro
E o cerrado das gerais.

Vejo o teu carro de boi
O café e as plantações,
Benjamin Guimarães
E as suas mais belas ações.

Vejo a tua cavalhada
Reis, quadrilha e as noitadas,
Pão de queijo, rapadura
Goiabada e coalhada.

Brigadeiro, pé de moleque
Vejo o teu povo alegre,
Forno de lenha e a cachaça
E o conto das alma penada.

Teu folclore e as cantiga
Vejo as moça bonita,
Os teus campos e as flores
Minas tem muitos amores.

As veredas e chapadas
E as belezas naturais,
Essa terra acolhedora
Não esquecerei jamais.




ANTIGAMENTE


Antigamente eu brincava
Com os primos de pião,
Ia junto pro estadio
Vê o time do coração.

Com os amigos nós fazia
Serenata pras namoradas,
Se pegasse um cineminha
Ia o sogrão e as cunhadas..

Ia no rio pra soltar pipa
De vez em quando nós nadava,
E a água até chagava
No meio fio da calçada.

Sempre escutava o rádio
Trabalhando na oficina,
Quando chovia jogava bola
Eu que lavo a roupa minha..

A noite a luz acabava
Da escola num breu saia,
Pegava piolho na estrada
Do cabelo das menina.

Se é em casa, tô de boa
Na igreja, sossegado...
Vou na casa dos meus primos
Mas na escola sou atentado!

A gente sempre passava cola
Cola nas costas dos outros,
Nem te digo o que escrevia
É motivo de desgosto.

Todo final de semana
Um milho verde agente assava,
Fazia trilha, ia pro parque
Ajudava o pai na inchada.

Pro mercado comprar leite
No engenho, rapadura,
Ia na casa de farinha
Mãe levava os seus caçula.

No areão de bicicleta
Pra ir na casa da vovó,
Todos no fogão de lenha
Ia de uma vez só.

Pé de manga e umbuzeiro
De laranja e de limão,
Pinha e jabuticaba
Jaca, acerola e mamão.

Lembro lá dos periquitos
Das galinhas e os cavalos
Dos bezerros e dos bois
Dos cachorros e dos gatos.

Que saudades desse tempo
Tudo era bom demais,
Não esqueço os momentos
Que ficaram lá pra traz!

© DEIVID BORGES