Paradoxo



Paradoxo
Estou Patro-Citiado,
É patrocínio por todos os lados... 
E até mesmo em Diamantina
Não existem tantos Montes Claros! 

Passei em Curral de Dentro
E deixei aberto uma Porteirinha
Saiu boi igual Formiga
Com sininho e Ladainha... 

Na Capelinha apagam a Luz?! 
Roubaram as Pedras de Maria da cruz!!! 
Pedra Azul e Ouro Preto
Da Princesa Januária
Cássia decifra o roubo:
_Tragam um Juiz de Fora pra área! 

E fizeram um juramento
Pra seguir aqueles passos
Só acharam ouro branco
E dois riachinhos calmos... 

Presidente JK e Governador Valadares,
Com duas cartas na Manga 
Umas Sete Lagoas foram pros ares... 

Fizeram um Ribeirão das Neves
Só com a Lagoa dos Patos de Minas... 
E as outras seis um Mar de Espanha,
Pra cair na Veredinha
Pontiaguda e Espinosa
Que desaguam nas Salinhas. 

Lá pegaram umas Momonas
E venderam à Teófilo Otoni 
Que avista duas mulheres
Em um Belo Horizonte. 

Dona Euzébia e Cristina
Vendem caldos no mercado
Caldo de galinha, caldo de cana,
Caldas Novas e Poços de Caldas... 

Entregariam ao Guarda-Mor
As Momonas que haviam guardado
Elas iam pro Comercinho
Clandestino da cidade. 

Mas à perderam num Florestal
Perto da Fronteira dos vales
Onde a Luz era abundante,
Igarapé e Pequi no monte
Onde a boiada de Rodeiro
fez o claro virar preto.

Quando escutei os Tiros
Do Guarda-mor,
Abri a porteira do ribeiro
Tombos eu levei... 

Mas Cássia viu as maravilhas
Das Momonas que escondia
As pedras preciosas do dia
Que também eram de outras Três Marias.






Sotaques



Sotaques



Deu mei dia na labuta
O meu rango fui buscar,
Numa roda de amigo
Os meu causo fui contar.

Poizé cumpadre nem te conto
Minha prima foi nu mato,
No orvaio da manhã
Pegar lenha pruns trocado.

E saiu um trós-sço prêto
Do tamanho de um moleque,
De baixo duma pedra n'água
E ela fugiu igual Chevette.

Noutro dia fui pescar
E peguei um peixe miúdo,
Otro peixão mordeu a isca
E levei junto o graúdo.

O aluno da minha muié
Que adora matar aula,
Sumiu trer dia da cidade
E de pé junto ele jurava.

Diz que foi abduzido
Pros marciano lá de marte,
Igual gelatina a câmera
E todo resto tava em parte.

Uai, no interiô eu tava um dia
Passei de carro e ninguém via,
Quando deu altas madruga
Do cemitério gente saia.

Saia com as velas na mão
Zarôio e com os ossos de fora,
Sô. E eu pedia pro mio Deus
Um doutor pra essa gente agora.

Quando isquicia a procissão
A minha gasolina acabou,
Vi uma égua isfoguiada
Entrar num disco voador.

Que maldade que fizeram sô
Com a cabeça do animal,
Quando cheguei na minha casa
Vi minha sogra no quintal.

Me abraçô e deu uns trocado
Tudo nôvo no cenário,
Acordei desse pesadeio
Quan vi meo cartão usado.